Vamos começar pelo Matheus.
JQJ: Como Esquina dos mundos surgiu e quem ela é hoje?
MF: A Esquina foi fundada por mim e pelo Fernando Fumis como um selo de criação de jogos. Com o tempo acabou crescendo e, com a entrada do Gustavo Zanini, tornou-se uma empresa de criação e produção. Atualmente é uma empresa de pequeno porte, com dois materiais lançados, e que busca melhorar seu portfólio aprendendo com seus erros e acertos, sempre estudando o mercado e conversando com o público.JQJ: O que a esquina já lançou?
MF: No momento temos dois lançamentos: o Contágio, um cardgame de humor e zumbis que se passa no Brasil; e o Reino de Bundhamidão, um livro de RPG de fantasia escrachado, lançado pela editora Retropunk. Este último encontra-se com a tiragem esgotada.JQJ: O Contagio teve alguma inspiração?
MF: A maior inspiração do Contágio foi o filme Todo Mundo Quase Morto e o jogo Plants vs Zombies. A ideia era fazer um jogo de zumbis que fugissem um pouco dos padrões norte-americanos e que tivesse o Brasil como cenário. O resultado, como não podia deixar de ser, foi um jogo de humor.
JQJ: Pude ver que ele foi bem recebido pelo público em geral, mais como foi entre os "veteranos"?
MF: O Contágio, pela própria temática e estilo debochado, teve um direcionamento inicial destinado ao público mais jovem. Ele foi feito para jogadores de 14 a 17 anos, mas surpreendentemente abocanhou um público médio de uns 26 a 30 anos. Isso foi uma surpresa maravilhosa para nós, mostrando que o brasileiro está atento à jogos de humor e temáticas mais leves.
No geral a repercussão dele foi a esperada: possibilitou o público jovem de entrar no mercado de jogos analógicos com um produto nacional e manteve um preço acessível para qualquer um (ainda mais levando em consideração seu número de jogadores para um único baralho).
No caso dos veteranos, a mecânica e a temática agradou mais, embora sentimos que deixamos a desejar um pouco em relação à qualidade gráfica do jogo e as opções de estratégia. Embora as críticas tenham sido poucas em relação ao seu custo-benefício.
JQJ: Se pudesse mudaria alguma coisa hoje no Contágio?
MF: Sim. Bastante coisa. Por isso que estamos investindo no ReContágio. Uma segunda edição com melhorias, mas que também é retro-compatível com a edição anterior.
O que mais me incomodou foi o fato de que nosso orçamento de entrada foi bem baixo, em virtude da opção de fazermos um jogo de baixo custo e grande penetração de mercado. A estratégia funcionou e o Contágio serviu bem ao propósito para o qual foi criado, mas isso acarretou em alguns pequenos defeitos na qualidade gráfica da primeira tiragem e das caixas. Algo que não deixaremos passar na próxima edição.
Além disso, o ReContágio trará um nível muito mais aprofundado de personalização de jogo e estratégias, permitindo aos jogadores diminuir ou aumentar a aleatoriedade das partidas se quiserem.JQJ: Vi que a esquina está com vários projetos, como expansão do Contagio, Fate e a Cidade dos condenados, pode nos dizer como está o andamento dos projetos?
MF: Atrasamos no anúncio dos projetos por conta de alguns motivos relacionados à administração interna e ao licenciamento de jogos estrangeiros. O ReContágio está todo pronto (artes, regras, manual), só estamos diagramando sua versão final. O FATE está em fase de revisão da tradução e orçamento com gráficas. Enquanto o Cidade ainda está em fase de testes de mecânica. Suas artes já foram definidas, mas ainda demoraremos um pouco para acertar os detalhes do gameplay.
JQJ: Porque não vale apena investir pesado no que já existe como Contágio e O Reino de Bundhamidão e sim sair pra coisas novas?
MF: Apesar de parecer por falta de comunicação (falha nossa, admitimos e pedimos desculpas por isso), não abandonamos nenhum dos projetos antigos. A franquia Contágio está passando por uma melhoria considerável, enquanto os direitos de marca de Bundhamidão está nas mãos da Retropunk (algo que nos impediu de trabalhar mais ativamente nele por enquanto). Mas estamos produzindo jogos e quadrinhos baseados nos dois universos.
No caso de produzir materiais novos, é algo essencial para a empresa por dois motivos: atender e abranger públicos maiores e diferentes e estabelecer um portfólio mais robusto (algo necessário para as negociações com distribuidores de grande porte). Tudo uma questão administrativa, pra falar a verdade.
JQJ: E a parceria como Meia-lua pra frente e soco estão trazendo os benefícios esperados? E tem mais parcerias a vista?
A parceria com o Meia-Lua ainda está bem no início. Por enquanto nos limitamos a participar de alguns podcasts e acompanhar o trabalho deles, enquanto eles são playtesters oficiais dos projetos da Esquina. Somos amigos na vida real (fora do trabalho), e isso facilita na hora de tomar uma cerveja e jogar conversa fora. Mas pretendemos nos aprofundar muito mais produzindo e trocando conteúdos entre si em breve.
Sobre novas parcerias, sim temos interesse grande de fazer isso. Basta apenas arrumar algumas coisas "na casa" para darmos início publicamente à nossa política de parceiros. E quem sabe até fazer jogos em conjunto.
JQJ: Como a Esquina dos Mundo está vendo o mercado hoje? E o que esperar da Esquinas do Mundo daqui pra frente?
MF: O mercado brasileiro está crescendo e mudando muito rápido. Há 5 anos não se falava em jogos nacionais com tanta força e frequência como se fala hoje, e há pouco mais de dois anos os únicos destaques eram para o ramo dos RPGs. Hoje em dia tudo ficou mais frenético e acelerado. Novas empresas e projetos surgem todos os meses, enquanto eventos estão pipocando em todos os lugares. Creio que este seja o momento de se estabelecer, embora a concorrência vá ficar cada vez mais difícil daqui pra frente, e isso é algo ótimo. Novos jogos de qualidade serão produzidos e, bom... somos consumidores também. =]
Sobre a Esquina, estamos mesmo passando por uma reformulação estrutural. E isso envolve pessoas, projetos e até mesmo postura profissional. Não posso entrar em detalhes agora, mas em breve vocês ficarão sabendo bem de tudo.
JQJ : Você tem alguma dica pra quem está começando agora no ramo de crianção de jogos?
E agora com Gustavo Zanin o Ilustrador do jogo com ele vai ser rolando um D5, e eu tenho um pra provar que existe! Se rolar comentários eu posto o dado aqui pra galera e se tiver mais comentários eu faço um Rolando o D10 só com Gustavo!
JQJ: Como foi trabalhar no Design do Contágio? E tu teve mais alguma participação de algum outro projeto da Esquina dos Mundos?
Quanta coisa né!? Espero que tenham gostando e estejam esperando ansiosamente assim como eu esses novos lançamentos. Porem depois do post da Esquina dos Mundos, ficamos meio que perdidos.
" AVISO:
Comunicamos que o game designer e escritor, Matheus Bueno de Bueno Funfas, um dos fundadores da Esquina dos Mundos e um dos criadores dos jogos Contágio e O Reino de Bundhamidão está se desligando da empresa.
Agradecemos profundamente por todo o trabalho que o Funfas fez pela empresa ao longo destes dois anos, por todas as suas ideias e por nos acompanhar ao longo de eventos, viagens e projetos divertidos, sempre com muito bom humor e apoio para toda a equipe.
Desejamos muito sucesso em sua nova empreitada profissional, com todos os jogos e livros divertidos que estão por vir e com o ótimo trabalho que fez junto à Esquina.
Que novos e inúmeros mundos sejam criados por você, e lembre-se que sempre haverá uma Esquina onde estes poderão se reunir.Um enorme abraço, Matheus, e obrigado por nos ter ajudado a Contagiar todo o Brasil!"
E agora como vai ficar? Eu sei mas não vou contar, vou deixar o próprio Matheus falar... Hahahaha
Até a próxima sobreviventes!
MF: Ih, várias dicas. Na verdade, como estou trabalhando como editor agora, recebo bastante material ultimamente e tenho dado muito feedback de projetos. Quem tiver interesse pode bater papo comigo direto via skype, facebook ou whatsapp, é só pedir os contatos via inbox (Matheus Funfas).
Mas pra ser mais direto, aqui vão três dicas que considero fundamentais (e que também tive que aprender à duras penas, gostando ou não):
- Jogue! Jogue de tudo. Jogo ruim, jogo bom, jogo eletrônico, jogo analógico, esportivo, educativo, de azar, etc. Quanto mais se pratica o que se quer fazer, mais fácil fica para se diferenciar um gameplay divertido de um enfadonho. E o gameplay é a alma do jogo. Jogos meramente bonitos não são jogos, são passatempos artísticos (o que não tem a mesma premissa).
- Leia! Leia de tudo. Estude o máximo que puder. Probabilidade, análise combinatória, fatores de aleatoriedade, narratologia, roteiro, construção de cenários, criação de personagens, game design, etc. Como qualquer profissão ou hobby bem feito, no game design é preciso estudar. E um bom jogo não se faz só com um ou outro ingrediente, mas sim com todos.
- Ouça! Ouça de tudo. Música para trilhas sonoras, sons ambientes de clima, críticas negativas, críticas construtivas, opiniões de leigos, opiniões de profissionais, opinião dos amigos, conselhos de pai e mãe, etc. O jogo é uma experiência muito visual e tátil, mas seu feedback e andamento curiosamente tem relações profundas com a audição. Saiba perceber quando alguém tem reações boas ou ruins ao vivenciar um gameplay e preste atenção às críticas. Elas não existem à toa.
No mais, desejo ótimos momentos de diversão à todos. E obrigado por todo apoio que a Esquina dos Mundos sempre recebeu ao longo deste um ano de vida. Aqueles que ainda não conhecem o Contágio ou O Reino de Bundhamidão, tentem conferir. Abraço grande
E agora com Gustavo Zanin o Ilustrador do jogo com ele vai ser rolando um D5, e eu tenho um pra provar que existe! Se rolar comentários eu posto o dado aqui pra galera e se tiver mais comentários eu faço um Rolando o D10 só com Gustavo!
JQJ: Como foi trabalhar no Design do Contágio? E tu teve mais alguma participação de algum outro projeto da Esquina dos Mundos?
GZ: Ilustrar o Contágio foi um daqueles trabalhos que no começo é legal. Afinal, são zumbis, devem ser fáceis de desenhar. Mas não. Quando entrei na Esquina para desenhar o Contágio, a equipe não tinha muita noção de como deveriam ser as artes ou o design geral do jogo, nem mesmo as regras estavam totalmente claras. Então, durante algumas semanas, quebramos a cabeça e discutimos muito sobre o rumo da estética do jogo, até que aos poucos o projeto foi ganhando corpo e alma.JQJ: Você teve liberdade pra criar ou as coisas já era pré definidas?
GZ: No começo, eu não tive liberdade nenhuma. Afinal, a equipe não conhecia muito bem o meu trabalho. Antes de aprovarem a estética atual, eu apresentei alguns designs muito divertidos para o jogo, mas nenhum deles passou pelo crivo da equipe de produção. Hoje a minha relação com a equipe é de parceria, mas na época eu era apenas um contratado e não adiantou eu bater o pé sobre o estilo do desenho, pois era aquilo que eles queriam. Outro problema durante a produção, foi a preocupação quanto a faixa etária. Muito do que eu apresentei, não pode ser usado no jogo devido à classificação indicativa.JQJ: Vendo o jogo principalmente as cartas de cenas vejo muita semelhança com Futurama, estou vendo coisas? Haha
GZ: RSRSRS. Não, a sua visão está ótima. Como eu disse anteriormente, eu era apenas um contratado para executar o que a equipe queria. Eu recebi a grana e dei a eles o que queriam, foi bem simples. Hoje eu não sou mais um contratado, sou um parceiro (sim, isso quer dizer que agora eu não ganho nada, mas tenho mais liberdade, então tudo bem. hauhauhua). E como parceiro, eu posso ser mais incisivo nas minhas opiniões. Inclusive hoje eu sou uma espécie de diretor de arte.4 - Você também ajuda na criação dos jogos da Esquina ou só desenha?
GZ: Na época do Contágio eu apenas fiz os desenhos e dei a ideia para um sintoma, o Língua Purulenta, mas nada mais. Hoje eu participo da criação dos jogos, mas apenas com idéias e plantando dúvidas, não sou bom com mecânicas. Rsrsrs Inclusive o jogo que estamos trabalhando no momento, foi criado pelo Matheus e por mim. Estávamos voltando de um evento em Curitiba e confiamos demais no GPS, quando nos demos conta, havíamos nos perdido em uma região rural, com algumas casinhas. Parecia uma cidade esquecida pelo mundo, com alguns curiosos olhando desconfiados pelas pequenas janelas de suas casas. Depois de algumas horas perdidos, encontramos o caminho de volta para Londrina. E nesse tempo, nós criamos toda a ambientação do jogo.5 - Você tem alguma dica pra gosta de desenhar ou quer aprender? Por onde começar?
GZ: Sim, muitas dicas. Se você quer ser um ilustrador, tente desenhar a maior variedade de estilos que conseguir, não se apegue a uma estética só. Seja versátil. Procure vídeos de profissionaiss desenhando, tente entender como ele faz a construção dos seus desenhos. No youtube há vários tutoriais sérios de desenho, aprenda com eles.
Copie o mestre. Escolha um desenhista que gosta e tente desenhar como ele. Não estou falando de decalcar o desenho, mas sim trabalhar o seu estilo.
Faça desenhos rápidos, por mais que fiquem ruins no começo, aos poucos você vai ganhando desenvoltura. Ficar horas e horas em cima de um mesmo desenho não vai te ajudar em nada. Não se apegue aos seus desenhos, risque, rabisque, suje, jogue fora.
Gosta de sair com os amigos no final de semana??? Então, sugiro que tente outra profissão. Desenhar exige teu tempo, suor, lágrimas e sangue. Não estou dizendo para sacrificar a sua vida social, até porque, para um desenhista é muito importante sair e conhecer e ver coisas novas, mas tenha em mente que desenhar duas ou três horas por dia, não é o bastante. Tem chinês por aí desenhando dez horas por dia.
Procure conversar com outros desenhistas. Sempre há alguém mais experiente que você que pode te ajudar. Tente fazer algumas aulas de desenho, existem muitas escolas boas por aí, só procurar. Desenhe mesmo sem estar desenhando. No ônibus por exemplo, eu costumo imaginar um desenho e então eu começo a desenhar mentalmente. Não simplesmente imaginar e “carimbar” esse desenho, mas sim, riscar linha por linha. Eu sei que é esquisito, mas me ajuda muito e pode te ajudar também.
Sabe desenhar e foi contratado??? Ótimo. Então cumpra os prazos que você estipulou. (eu ainda sofro com isso). Rsrsrsr
Quanta coisa né!? Espero que tenham gostando e estejam esperando ansiosamente assim como eu esses novos lançamentos. Porem depois do post da Esquina dos Mundos, ficamos meio que perdidos.
" AVISO:
Comunicamos que o game designer e escritor, Matheus Bueno de Bueno Funfas, um dos fundadores da Esquina dos Mundos e um dos criadores dos jogos Contágio e O Reino de Bundhamidão está se desligando da empresa.
Agradecemos profundamente por todo o trabalho que o Funfas fez pela empresa ao longo destes dois anos, por todas as suas ideias e por nos acompanhar ao longo de eventos, viagens e projetos divertidos, sempre com muito bom humor e apoio para toda a equipe.
Desejamos muito sucesso em sua nova empreitada profissional, com todos os jogos e livros divertidos que estão por vir e com o ótimo trabalho que fez junto à Esquina.
Que novos e inúmeros mundos sejam criados por você, e lembre-se que sempre haverá uma Esquina onde estes poderão se reunir.Um enorme abraço, Matheus, e obrigado por nos ter ajudado a Contagiar todo o Brasil!"
E agora como vai ficar? Eu sei mas não vou contar, vou deixar o próprio Matheus falar... Hahahaha
Até a próxima sobreviventes!