Rolando o D10! Com Rovalde Banchieri.

Hoje eu vou estrear essa coluna que vou chamar de Rolando o D10, nome tosco mas serve, sempre que possível farei 10 perguntas ou menos pra alguém envolvido no ramo, seja criador, game designer, ilustrador ou até mesmo apenas alguém que goste de jogos.

Vamos começar com Rovalde Banchieri o criador de Runicards.

JQJ - O Runicards abriu as portas da Kalango Analógico ou ela já existia antes? 

Rovalde Banchieri: A Kalango foi criada para dar suporte ao Runicards, mas com o sucesso do projeto ela acabou se tornando uma desenvolvedora de jogos e o Runicards agora é apenas um dos muitos títulos programados para sair por ela. Legal, né?

JQJ - Quem é a Kalango hoje?

Rovalde Banchieri: Hoje eu estou trabalhando como editor da Kalango Analógico na maior parte do horário comercial (dividindo o tempo com o trabalho de publicitário). Estão com a Kalango três novos projetistas de jogos, o Fabiano Saccol (Última Fortaleza), Fábio Secolin (Steam Adventures) e José Melinsk (Spero). Além dos projetistas, contamos com uma rede de 14 ilustradores freelancers que trabalham diretamente com os autores para trazer a vida ao que está apenas em projeto. É uma família bem grande!






JQJ - Você criou o Runicards porque achava que faltava um jogo do tipo no mercado ou foi motivado por algum sonho antigo? E qual a inspiração pro Runicards?

Rovalde Banchieri: Runicards não foi um projeto tão audacioso quanto pareceu depois de pronto. Ele surgiu da empolgação e incentivo de amigos e parceiros de jogo que reconheceram o potencial e me empurraram na direção correta. Entre eles tenho muito a agradecer ao Fabiano Saccol e ao Antônio Sá Neto (editor da Redbox), valeu galera!
Na época eu procurava por um jogo de cartas que simulasse uma partida de RPG sem o uso de dados ou de um mestre. Tinha que ser algo que pudesse preencher o tempo de espera em nossa mesa quando alguém se atrasava para jogar RPG. Lembre-se que o projeto inicial era de uma coleção de apenas 220 cartas que pudessem ser levadas facilmente no bolso e jogado em qualquer lugar. Durante o financiamento Runicards cresceu e foi para mais de 440 cartas dentro de uma caixa de quase 2kg, mas ainda hoje se você separar só o que precisa para 4 pessoas jogarem uma partida dá pra levar facilmente para qualquer lugar e matar o tempo quando acontece algum imprevisto.

JQJ - Depois do sucesso do Financiamento coletivo, você já tinha as ideias pra expansões como o Runicards Dugeons e o Runicards 2 ou isso foi surgindo com o tempo e com ajuda da comunidade do facebook?

Rovalde Banchieri: Surgiu TOTALMENTE com o suporte dos "runicarders". A galera do Facebook e dos playtestes são o segundo braço na prancheta, planejando o futuro do jogo. E é assim que eu gosto.

JQJ - Existe algo hoje que se tu pudesse mudaria no Runicards?

Rovalde Banchieri: Sim, as Runas! (risos) Uma das mudanças mais drásticas que os jogadores vão sentir quando compararem "Runicards: Batalha pela Terra do Fogo" com a segunda caixa básica de Runicards que sairá em 2015 é o que são as Runas e como elas são usadas em jogo. Quero que o poder Rúnico de Runicards seja mais visível nas partidas, afinal o nome do jogo vem daí!

JQJ - Agora com o sucesso do Ultima Fortaleza, os outros projetos como Animus, Spero e Steam Adventures serão lançados na ordem da votação ou será feita uma nova votação?

Rovalde Banchieri: A votação foi feita para ver qual seria o primeiro jogo a ser lançado e onde focaríamos nossos primeiros esforços. Agora é uma questão de ver qual jogo esta mais adiantado. Dungeons deve sair no meio de Junho e no final de Julho vamos anunciar nosso próximo projeto!

JQJ - Sobre esses mesmos projetos, eles já vem prontos e a Kalango Analógico apenas abraça ou ela dá seus pitacos?

Rovalde Banchieri: Todos os jogos da Kalango são criados do zero, em uma parceria do autor com o editor seguindo a filosofia da empresa.
A Kalango é uma casa de histórias, lar de novos universos. Não queremos que um autor desenvolva só a mecânica, mas gaste parte do seu tempo na alma do projeto para torná-lo vivo e servir de base para a produção de diversos produtos.
Quando o cenário está concreto e recheado de possibilidades a gente parte para o desenvolvimento do projeto. Dessa forma podemos criar jogos de tabuleiro, cartas, livros-jogos, RPGs, HQ's, etc.

JQJ - A Kalango Analógico será sempre de obras originais ou pretende lançar algum jogo de fora com tradução em português? Como Nosferato pela Conclave.

Rovalde Banchieri: Não está em nossos planos traduções, mas já cogitamos apadrinhar produtos nacionais de outras editoras.

JQJ - Hoje como a Kalango Analógico vê o mercado nacional de Boardgames e Cardgame?

Rovalde Banchieri: Como uma festa que não para de chegar convidados! Todo dia temos novidades, novos produtos e novos jogadores. Tanto na parte de tradução quanto de desenvolvimento de material, nunca houve tanto investimento no setor. Tanto na parte de tradução quanto de desenvolvimento de material, nunca houve tanto investimento no setor.

JQJ - Deixe algumas dicas pro pessoal que está começando agora ou que tem algum projeto parado.

Rovalde Banchieri: Tenha coragem. Persevere. Jogue.
Não tenha medo de mostrar seu projeto. Faça versões print-and-play, mostre o jogo nas redes sociais, leve-o para eventos. Se você tem medo de mostrar seu jogo, ele nunca será visto. Tenha coragem.
Criar um jogo exige dedicação. Contar pra alguém uma idéia não é a mesma coisa que fazer um jogo. Existem milhares de pessoas com idéias por aí, mas apenas quem tem tenacidade é que conseguem transformar palavras em produto. Persevere.
E jogue muito. Jogue seus jogos a exaustão, tente regras novas, jogue com desconhecidos, jogue com a família, jogue com quem ama e quem odeia seu jogo. Jogue os jogos dos outros, jogue os jogos que pareçam com o seu e os que são radicalmente diferentes. Jogue!

E aqui encerra a nossa entrevista, muito obrigado Rovalde pelo seu tempo e tantas informações novas.

Não sei se vocês perceberam mas... "Dungeons deve sair no meio de Junho e no final de Julho vamos anunciar nosso próximo projeto!" para nossa alegria e pra tristeza do meu bolso.

Por hoje é só pessoal.

Lembrando que sexta sai a Resenha do Contágio da Esquinas dos Mundos.



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