Descent: Journeys in the Dark (Second Edition)


Quest for Terrinoh

Review Descent: Journeys in the Dark (Second Edition)

Salve amigos boardgamers! Hoje iniciamos a nossa coluna Quest for Terrinoth sobre Descent: Journeys in the Dark (Second Edition), ou simplesmente, Descent 2e.

Trata-se de uma coluna dedicada a Descent, com resenhas, análises de classes, heróis, cartas, dicas de estratégia, notícias, enfim, de tudo um pouco. E nada mais óbvio que começar uma coluna sobre Descent 2e fazendo uma resenha toda especial sobre o jogo.

Sem mais delongas, vamos falar sobre como funciona o jogo no geral, seus principais aspectos, alguns detalhes sobre o jogo e claro, um belo apanhado de imagens para que vocês tenham a melhor noção possível sobre o jogo.




OVERVIEW


Eles desceram a escadaria de pedra o mais silenciosamente possível, sem se atrever a anunciar sua presença para quaisquer servos decrépitos que espreitavam nas trevas. O brilho fraco da pedra encantada de Leoric fez pouco para iluminar a escuridão crescente. Jain lentamente preparou uma flecha, habilmente puxando a corda de seu arco enquanto Tomble girou suas adagas atrás dela. "Ele está aqui em algum lugar," sussurrou Alvric, "estejam preparados". 
"Saudações, bravos heróis," uma sonora voz subitamente se anuncia da escuridão. "Você chegou tão longe! Pena, sua jornada termina aqui..." A voz se desvaneceu com o som de um barulho distante enquanto dúzias de formas monstruosas emergiram para cercar os heróis. A câmara logo ecoa com o som da batalha...
- Introdução do Manual do Descent 2e

Descent 2e é um jogo de 2 a 5 jogadores em que um deles assume o papel de Overlord, o senhor das trevas que controla seus servos monstruosos para alcançar seus objetivos terríveis. Os demais assumem o papel dos Heróis (heroes), cada um com seu personagem e sua classe únicos, prontos para enfrentar o mal espalhado pelo Overlord.

Esse jogo é sobre montar um grupo de heróis que trabalham em grupo na busca de impedir os planos de overlord, sempre enfrentando monstros como goblins, dragões, aranhas, gigantes, entre outros, acumulando tesouros, adquirindo equipamentos e poderes melhores em uma série de quests (missões) que compõem uma campanha até derrotar o principal vilão da mesma.

Descent 2e tem um aspecto bastante similar a RPGs como Dungeons & Dragons, que se baseia no desenvolvimento de um grupo de heróis em um mundo de fantasia medieval. A grande diferença é que você não está lá para interpretar um personagem, mas para montar um personagem com suas próprias características, formar um grupo de 2 a 4 heróis e enfrentar em quests toda sorte de desafios que o jogador de Overlord puder impor dentro das regras. Outra grande diferença: o Overlord ativamente procura *ganhar* o jogo. Ele não está lá para contar uma boa história com os jogadores de heróis, ele está lá para desafiá-los e derrota-los! Cabe aos heróis montar uma boa estratégia com muito trabalho em grupo.

Mecânicas:

  • Pontos para permissão de ações especiais;
  • Rolagem de dados;
  • Movimento tático;
  • Tabuleiro modular;
  • Poderes variáveis para cada jogador;
  • Evolução de personagem.

ASPECTOS BÁSICOS

Além do fato de ser um confronto entre Overlord e Heróis por meio de quests, o jogo tem outros aspectos básicos. Posteriormente, daremos uma olhada de perto nos papeis de Herói e Overlord.

Esse jogo não é exatamente um Dungeon Crawler!

Nesse momento você pensa: “mas não era um jogo com classes, heróis, progressão de poderes, acúmulo de equipamentos, combate tático com monstros, invasão de Dungeons e tudo o mais que um costumeiro dungeon crawler proporciona”?

Sim, Descent 2e tem todos esses elementos, mas a exploração, que caracteriza um dungeon crawler, não é o foco desse jogo. Veja um exemplo de tabuleiro montado em uma quest abaixo. Qual a exploração que esse tipo de cenário parece sugerir?

Quest Básica do Jogo - Sim, existem tabuleiros mais complexos que isso!

Essa imagem mostra a quest mais simples do jogo. Claro que as quests costumam ser um pouco mais complexas que isso, mas esse já é um bom exemplo de que a exploração não é o foco do jogo.

Na realidade, o jogo é mais focado em movimentação tática, onde o Overlord tem um objetivo para vitória, os heróis tem outro e ambos tentam atrapalhar um ao outro à medida que tentam conseguir realizar seus objetivos primeiro. Esses objetivos variam desde matar um “chefe” até conseguir resgatar civis ou frustrar um ritual profano, etc..

Portanto, se você espera que seja um jogo de simples exploração em que você entra na masmorra, mata tudo que se mexe, pilha todos tesouros ali contidos e ir embora sem muita necessidade de escolha complexas ou sem muito risco de ser massacrado pelas forças do mal, então recomendo buscar vídeos mostrando o gameplay do jogo para ter certeza se é realmente esse “feeling” de jogo que você quer.

Quests e Campanhas

Como dito antes, esse jogo é dividido em quests. Cada quest indica quais peças de tabuleiro (tiles) você usará e em que formato. As quests também trazem regras específicas sobre o que se pode fazer, como se pode interagir com o cenário, quais são os objetivos de ambos os grupos (heróis e Overlord), como o Overlord pode colocar (ou não) mais monstros durante a partida, etc...

Cada quest geralmente é dividida em duas partes, chamadas encontros (encounters). Cada encontro tem suas próprias regras e próprio tabuleiro e, de alguma forma, estão interligados. Vencer o encontro 1 geralmente significa ter alguma vantagem tática para o encontro 2. Vencer o encontro 2 é o mesmo que vencer a quest, independentemente do resultado do encontro 1. Bônus são conferidos aos vencedores (mais experiência, mais dinheiro, equipamentos, relíquias, etc).

Essa mecânica é interessante porque permite que se divida uma partida longa em duas partidas menores, facilitando encaixar uma partida desse jogo numa rotina de pouco tempo disponível entre os jogadores.

As quests podem ser jogadas em separado como partidas independentes ou podem ser jogadas como uma sequência histórica, formando a Campanha de jogo, que tem quests iniciais, meio e quests finais, culminando numa tensa quest final onde os heróis confrontam o vilão final. As campanhas são divididas em dois atos, onde o segundo ato disponibiliza para o Overlord versões mais poderosas dos mesmos monstros e os heróis passam ater acesso aos equipamentos mais poderosos do jogo, aumentando a tensão da campanha.

Cenário por onde os heróis viajam na Campanha Shadow Rune

Um aspecto interessante da Campanha é que os heróis viajam pelo cenário para chegar às quests selecionadas. Durante a viagem, eles podem encontrar alguns servos do Overlord que vão causar dano ou envenená-los (isso se os heróis não conseguirem se livrar dessa investida), vão encontrar aliados que podem ajudá-los, dando alguma vantagem para a próxima quest, vão se perder no caminho, chegando cansados, etc... Uma boa variedade de eventos pode acontecer nessa viagem.


HERÓIS

Um dos principais aspectos do jogo é, sem dúvida, o grupo de heróis. Cada jogador “monta” o seu próprio herói. Ele deve escolher qual personagem (hero) usar.

Esse herói tem características (velocidade, pontos de vida, vigor e defesa), atributos (valores como “força” ou “agilidade” que ajudam o herói a realizar tarefas em quests, resistir condições ruins ou mesmo se livrar de armadilhas, magias e outros efeitos), uma habilidade que funciona durante todo o jogo e um poder que pode ser usado uma vez por encontro (heroic feat). Cada herói tem sua própria combinação de valores e poderes em todos esses pontos. O jogo traz oito opções de heróis.

Heróis, cada cor, um arquétipo.


Além disso, cada herói possui um arquétipo. Esse arquétipo define o tipo de classe que o jogador pode escolher para o herói. São quatro arquétipos:


Warrior (guerreiro): Esse é o arquétipo das classes de combate corpo a corpo. Normalmente dependem de armas corpo a corpo para a melhor utilização de suas Skills. Quase sempre estão na linha de frente de combate, atacando os monstros mais perigosos e servindo de defensores (tankers) do grupo.

Classes: Knight e Berserker

Healer (curandeiro): Como o nome sugere, sua principal característica é a de curar. Como o herói vai curar, varia com a classe. No geral, classes healers costumam conceder bônus de combate e servem como combatentes secundários (corpo a corpo ou à distância).

Classes básicas: Disciple e Spiritspeaker

Scout (batedor): A principal característica desse arquétipo é a mobilidade. Todas as classes tem um bom acervo a habilidades que melhoram a sua mobilidade, permitindo que eles alcancem pontos do tabuleiro mais rapidamente, sendo usualmente perfeito para pilhar recursos. Costumam variar entre combatentes secundários e excelentes combatentes.


Classes básicas: Thief e Wildlander


Mage (mago): A principal característica desse arquétipo é a... magia. As classes desse arquétipo costumam ser excelentes combatentes à distância, aniquilando o mais poderoso dos dragões.


Classes básicas: Runemaster e Necromancer

Posteriormente, essa coluna abordará cada classe em específico em artigos futuros. Aguardem mais detalhes.

OVERLORD

Eis o motivo da grande dor de cabeça dos heróis. O grande vilão do jogo! O jogador de Overlord controla todos os monstros do jogo e lança mão de toda sorte de eventos, magias e armadilhas para atrapalhar, manipular ou mesmo destruir os heróis.


Todos os tipos de monstros do jogo.
Cada quest diz quais grupos de monstros o Overlord pode escolher usar (alguns são obrigatórios). São ao todo 9 tipos de grupos de monstros, sendo quatro pequenos e cinco largos (monstros maiores, que ocupam uma base maior que um quadrado no tabuleiro). Cada grupo possui uma certa quantidade de monstros minions (servos), mais fracos, e um monstro master (mestre), mais forte. Cada grupo de monstro tem seu próprio acervo de características (movimento, vida, defesa) e habilidades, sendo que, geralmente, o Master possui alguns poderes extras e outras habilidades mais fortes que um minion.



Lieutenants: os "chefões" do jogo. Uma pena não virem com miniaturas...
Além disso, o Overlord tem acesso a alguns monstros especiais, os Lieutenants (tenentes), que são os “chefes” do jogo. Cada um deles possui habilidades únicas e geralmente são os inimigos mais poderosos (alguns são muito poderosos, outros nem tanto).  Esse jogo vem com seis deles. Infelizmente, eles não possuem miniaturas, diferentemente dos monstros normais e dos heróis. Esse é um defeito que vem a ser corrigidos com os Lieutenant Packs, mini-expansões que vem com a miniatura de um Lieutenant e novas mecânicas e um novo deck que modifica bastante o gameplay do Overlord (melhorando e muito sua diversão).




Dentre as muitas ferramentas que o Overlord tem para combater os heróis, ele ainda dispõe de um deck que vem com poderes especiais. Existem cartas de armadilhas, que atrapalham as ações dos heróis, poderes que melhoram as forças dos monstros, poderes que dão certas vantagens “injustas” ao Overlord (como poder re-rolar dados, controlar um herói por um turno para que ele ataque seus aliados, etc...). Sim, o Overlord joga sujo!

Não satisfeito, o Overlord ainda acumula também experiência, usando para comprar cartas novas para o seu deck. Existem cartas que são “genéricas”, chamadas Universal e existem cartas de classes do Overlord. Nesse jogo são três: Warlord (foca em fortalecer os monstros no combate), Magus (foca em magias com efeitos diversos) e Saboteur (foca em armadilhas e todo tipo de sabotagem para atrapalhar as ações dos heróis). Diferentemente das classes de heróis, essas classes de Overlord podem ser combinadas, assim você pode ter um Dark Ritual (magus) para puxar mais cartas à medida que usa Blood Rage (warlord) para fazer com que um monstro se suicide desferindo uma sequência de golpes nos heróis. Parece cruel? Você não viu nem a metade!

CONCLUSÃO

Trata-se de um jogo fantástico, onde cada decisão conta, onde cada rolagem de dado pode ser um momento de grande tensão. Ele também adota uma política de “regras simples, muitas exceções”. O básico do jogo é muito fácil de aprender, entretanto ele tem uma série de nuances que é sempre modificado pelas quests, pelas cartas, pelos poderes, etc. Alguns efeitos podem causar certas dúvidas, mas no geral, o jogo se aprende com facilidade.

O jogo possui uma alta rejogabilidade. Por padrão são mais de 20 quests que o jogo vem e, com todo esse material, é possível criar suas próprias quests e sua própria campanha. Inclusive, a própria Fantasy Fligth, produtora do jogo, disponibiliza a ferramenta Quest Vault, onde você pode montar suas próprias quests, gerar um pdf com elas no mesmo  formato do manual que acompanha o jogo, compartilhar, usar as quests feitas pelos jogadores, etc...

Para quem gosta de um jogo de aventura medieval, combate tático, evolução de personagem e jogos semi-cooperativos, provavelmente irá gostar desse excelente jogo. Se você se tornou um RPGista que, há muito não vê uma mesa de RPG, pela falta de tempo dos jogadores ou por outros fatores, esse jogo pode ser uma excelente alternativa, já que vai te fornecer a maioria dos aspectos do jogo, tirando a interpretação de personagens. As campanhas de fato chegam a ter história, com direito a personagens falando no meio da partida ao se chegar em determinado ponto da quest e com bastante descrição, principalmente para justificar o que está acontecendo na quest e para explicar exatamente o que aconteceu na vitória ou na derrota dos heróis, além dos principais diálogos.

Prós:
  • Uma incrível quantidade de opções para o grupo de jogo, tornando a rejogabilidade quase infinita;
  • Ótimo sistema de batalha;
  • Sistema de campanhas cria a evolução definitiva do personagem através de várias partidas;
  • Muitas miniaturas com ótima resolução, repletas de detalhes.

Contras:
  • Algumas quests necessitam de errata pois são excessivamente favoráveis a um dos lados (muitas delas já tem erratas);
  • O baixo acesso a controle de probabilidade dos heróis pode leva-los a uma derrota massacrante por falta de sorte nos dados (as expansões resolvem isso);
  • Os lieutenants são tokens! Justo os “chefões” do jogo não tem miniatura para representá-los! (lieutenant packs contém essas minis, recomendadíssimos!)
  • Jogo mais caro que a média, requer que você tenha absoluta certeza de que você sabe o que você está comprando e que vai gostar do jogo (esse não tem como contornar, mas vale cada centavo).
Neutro:

  • Aspecto de sorte é forte, mas não determinante;
  • Bom substituto para um jogo de RPG;
  • Não para de sair expansões! Já temos 4 expansões pequenas e grandes e mais vários packs de lieutenants, heróis e monstros. Quase sempre, antes mesmo de sair uma nova expansão de pré-venda, já estão anunciando mais uma outra;
  • Jogo ambientado no mundo de campanha Runebound, onde muitos outros jogos da Fantasy Flight também são ambientados (como Runewars).

BÔNUS: MINIATURAS!!!

Segue, para vosso deleite, algumas imagens de todas as miniaturas que vem no jogo básico, com direito a algumas comparações de tamanho entre monstros e heróis! Até a semana que vem com mais conteúdo sobre Descent 2e. Próximos artigo vai aprofundar algum aspecto do jogo. Há muito o que se falar sobre ele! Aguarde!

Shadow Dragons

Merriods

Elementals

Ettins

Zombies 
Goblin Archers

Cave Spiders

Barghests

Flash Moulders

Os oito heróis



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